Governo de Israel muda discurso sobre construção do Terceiro Templo
Enquanto o mundo olha para o Oriente Médio na expectativa da
intervenção militar americana na Síria, que pode resultar numa guerra
contra o Irã, outras questões acabam perdendo força na imprensa.

O termo “Bacia Sagrada” inclui os locais mais importantes da
Jerusalém antiga, como a área do Monte do Templo, o Monte das Oliveiras,
o Monte Sião e outros locais considerados sagrados por cristãos e
judeus. Durante o governo do ex-presidente dos EUA, Bill Clinton, surgiu
uma proposta que a região deveria ser administrada sob um “regime
especial”.
Durante os primeiros anos do governo de Barack Obama, o assunto
voltou a surgir, dessa vez encabeçado pela então Secretária de Estado,
Hilary Clinton (esposa de Bill). Na época, o primeiro-ministro
israelense era Ehud Olmert. Ele chegou a propor que “esse setor,
incluindo a parte de Jerusalém considerada santa para as três religiões
monoteístas, e a Cidade Velha, fossem colocado sob a tutela de cinco
países: Arábia Saudita, o Reino Hashemita (Jordânia), o Estado
Palestino, Israel e os Estados Unidos”.
Nos últimos meses, várias dessas questões foram retomadas por causa
das declarações de Uri Ariel, ministro da Habitação e Construção de
Israel. Ele é membro do partido religioso nacionalista Lar Judeu. No
início de julho, ele defendeu: “precisamos construir um Templo judaico
no Monte do Templo”. Isso mostra uma clara mudança no discurso do
governo de Israel que normalmente evita falar publicamente sobre o
assunto.
Em 5 de julho, falando em uma conferência arqueológica na
Cisjordânia, o ministro exigiu que o Terceiro Templo fosse construído no
local que hoje abriga o Domo da Rocha e a Mesquita de al-Aqsa,
considerado sagrado para o islamismo.
“Nós construímos muitos templos pequeninos” disse Ariel, referindo-se
às sinagogas, “mas precisamos agora construir um templo de verdade”. No
discurso de hoje (4/9), ele foi além “O Monte do Templo é o lugar mais
sagrado para o povo judeu, e deve ser aberto a qualquer hora para todos
os judeus. Vou continuar apoiando o Estado para termos plena soberania
sobre o local santo de Israel. Esta é uma questão inegociável, sem
espaço para discussão”.
De fato, ele só estava lembrando uma proposta que está na mente de muitos judeus, mas acabou ecoando a declaração feita em 2012 pelo deputado Zevulun Orlev,
do seu partido. Mesmo sabendo do perigo, desafiou: “isso significaria
que um bilhão de muçulmanos do mundo certamente fariam uma guerra
mundial. No entanto, tudo que é político é temporário e não gera
estabilidade” e que “ultimamente estamos testemunhado as dramáticas
mudanças políticas que ocorreram em muitos países árabes”.
Recentemente, Abdul Salam Abadi, o chefe do Ministério jordaniano de
bens alienáveis islâmicos (Wakf), que também administra a esplanada das
mesquitas no Templo no Monte, acusou o governo de Israel de forçar a
construção do Terceiro Templo, contrariando um acordo feito em 1994. O
governo de Israel negou.
Contudo, os rumores sobre uma tentativa não oficial de financiar a
construção do templo foi fortalecido quando um relatório foi publicado
pela Rádio do Exército de Israel. Apenas no ano passado o Ministério da
Educação e o Ministério da Cultura e do Esporte de Israel, doaram mais
de 80 mil euros (200 mil reais) para o Instituto do Templo.
O controverso apoio foi anunciado poucos dias antes de o Instituto
mostrar que todos os preparativos para a retomada dos sacrifícios no
Templo estão prontos, incluindo a preparação dos “novos levitas”.
O jornal Israel Today noticiou ainda que no final do mês passado,
houve um colapso de parte do platô do Monte do Templo (que totaliza 14
hectares). Desde 2001 autoridades israelenses vem alertando que a
estrutura, que não é uma formação natural, mas foi construída séculos
atrás, tem sérios problemas estruturais.
Desde que a Autoridade Palestina começou a influenciar no controle
administrativo do Monte do Templo, foram feitas mudanças na sua
estrutura. Nos últimos cinco anos, é o segundo colapso perto da Mesquita
de Al Aqsa, criando um grave risco à segurança e uma ameaça real para a
estabilidade da estrutura islâmica. Já se detectou em uma área de 190
metros quadrados do muro que cerca o local, uma inclinação de cerca de
70 centímetros.
Além disso, o diretor-geral do Ministério para Assuntos Religiosos de
Israel anunciou que deseja rever a proibição dos judeus de orarem no
Monte do Templo. Embora a lei atual permita que os judeus subam ao Monte
e orem, a polícia veta quaisquer visitas para impedir manifestações
contrárias por parte dos muçulmanos, que costumam atacar com pedras os
que tentam.
Na comemoração do ano novo judaico, ontem (4/9) ocorreram novos
conflitos no local durante a tentativa de um grupo de 50 judeus subirem
até o local. A polícia foi chamada e prendeu cinco muçulmanos que
atiraram pedras contra a polícia e contra os visitantes do local.
Com informações de Jerusalem Post, Uol, Times Israel, Israel Nation News e Israel Today.
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